quarta-feira, 11 de julho de 2012

CONTOS XAMÂNICOS - RELATOS VIVENCIAIS

Quando iniciei neste caminho, estava muito envolvida com práticas energéticamente sutis, ligadas ao esoterismo , sufismo, budismo, em busca de algo que preenchesse o imenso vazio do meu peito e me desse uma resposta se o que eu estava vivendo era realmente o meu caminho.
O contato com o Caminho Vermelho me trouxe um contraste muito chocante. Por mais que eu tentasse aceitar, internamente, questionava, criticava e repelia tudo e todos.Ao mesmo tempo em que os cantos, os ritos me despertavam uma lembrança, me provocava um misto de saudade, tristeza e melancolia, que  me fazia chorar, vinha um impulso de fugir,  mas algo misterioso me envolvia e me atraía imensamente..
O líder espiritual um jovem médico, extremamente amoroso e carismático , com muita determinação, às vezes, duro e rispído nas suas posturas e atitudes, gerava muita contradição, variando entre sentimentos de completa negação, profundo carinho  e por vezes, idolatria.
Desde criança fui levada a me criticar, me sentindo extremamente insegura. A educação rígida da mãe e a presença omissa do pai despertavam em mim, muito medo, muita culpa, impossíveis , porém, de abafar meu espírito louco e aventureiro, mas era como se soasse um alarme ressonando: PERIGOOOOOO!
Entretanto, podem imaginar como isto me deixava confusa e atraída?
 Abria -se uma porta, para vencer minha insegurança e pânico, os quais já haviam sido focos de muitos processos terapêticos. além disso, a busca de poder espiritual, como uma longa jornada em minha vida, me deixava extasiada com a eminente possibilidade. A promessa que se configurava em minha mente era a abertura da visão como o maior desafio. Imaginava esta abertura me possibilitando ampliar meu contato com mundo espiritual, ajudando ,assim , o trabalho já em andamento, cuja " cegueira " provocava muita frustração.
Minha primeira experiência foi uma cerimônia com plantas de poder, a qual excitava meu medo e o desafio de superá-lo. Formamos uma caravana com  cinco pessoas do meu círculo e literalmente fomos pagar para ver, tudo que imaginávamos ser apresentado.
Era um imenso tippy, uma tenda usada pelos índios norte americanos, um ambiente extasiante. Primeiro, passou uma sacola com tabaco e palha, para fazer um"palheiro", para expressar a palavra em forma de rezo. Eu simplesmente fiz, mas não conseguia experimentá- lo, minha negação era maior que todas as explicações dadas. Tudo era muito estranho para minha mente.
Após foi servido o chá, mal continha minha expectativa e medo. Já havia lido sobre os efeitos e suas visões, e havia criado  toda uma fantasia, entretanto, nada aconteceu conforme o projetado .
Eu apenas me sentia.como se estivesse flutuando na parede da tenda, olhando para o grupo abaixo, curiosa com o que estava acontecendo , mas era como se tudo fosse imaginação.
Em algum momento se formava um tronco de energia , como se fosse um "palanque" e dele, saiam fios elásticos onde se ligavam as diferentes raças do povo da terra. Aos poucos cada uma ia se afastando do tronco ,ainda , ligados pelos fios, parecendo livres; corriam, pulavam , expressando sinais de liberdade. Mas era como se o fio elástico fosse esticando, esticando e quando chegava num ponto de energia que não rebentava, mas também não conseguia mais esticar , o tronco puxava -os de volta, embora se debatessem, e aí tudo recomeçava até se soltarem novamente. Tinha a impressão que éramos nós aqui na terra.
Foi interessante , mas imaginava que seria diferente.Incrível, quando temos uma expectativa, mesmo que as coisas aconteçam, se não corresponde ao esperado , nos sentimos frustrados. E, foi assim que me senti, nos debatíamos no caminho de volta, procurando entender ou encontrar alguma explicação.
Outros episódios aconteceram , aumentando ainda mais minha certeza que não era o que eu estava esperando.
Quase no final da cerimônia ,na hora em que os alimentos estavam sendo rezados, resolvemos sair , ir embora. Fora do grupo, olhei em volta, olhei para o grupo e disse à mim mesmo:- Esta não é minha praia.
Durante a viagem de volta, algo estava muito mexido dentro de mim. Queria que fosse diferente.
Resolvi desistir, mas embora eu justificasse de toda maneira minha decisão, uma parte em mim não ficava em paz.
Após uma semana , a pessoa que me convidou, voltou a me visitar para compartilhar da minha experiência . Relatei o evento, tudo que tinha acontecido, informando-lhe a minha decisão , ela então me propôs , que retornasse a mais uma cerimônia, para decidir com mais certeza. Embora  ainda, com dúvida, confesso que senti um certo alívio, resolvi dar mais uma chance.
Foi uma cerimônia com ayahuasca e foi muito intensa. Desta vez o encontro era ao ar livre, todos sentados em círculo ao redor do fogo. Depois do rezo com o tabaco foi servido o chá, também chamado carinhosamente, como avózinha. Concentrei minha atenção no fogo, quando , de repente tive a sensação de deslocamento para um outro lugar. Era muito sombrio, imaginava ser um mundo infernal, as  sensações do corpo eram incompreensíveis, extremamente desconfortáveis. comecei , então a repetir mentalmente, tentando me confortar, Eu Sou Luz, Eu Sou Luz...e encontrava uma calma, a qual ia me envolvendo, mas logo vinham pensamentos que alteravam meu estado e novamente me sentia sendo puxada, voltando as sensações do corpo. Tinha a impressão de uma voz repetindo atrás de mim , tentando me orientar, que repetia. "Tu sabes quem tu és, não te dispersa, não te dispersa" e, assim continuava a luta. Entrava num estado luminoso e tudo ficava maravilhoso, mas aos poucos vinham pessoas da minha convivência diária, que me distraiam, me dispersava e voltava a luta.
Cheguei a um lugar amplo, ao longe avistava uma mulher muito linda, luminosa e a voz me dizia que era eu, que fosse até ela. Eu saia correndo na sua direção, ansiosa pelo encontro, mas se abria uma fenda entre nós a qual impedia a aproximação. Queria atravessar ou dar um salto, mas não conseguia, me olhava no fundo da fenda como uma pessoa sem nenhum valor, um nada, alguém que não tinha nenhum merecimento de coisa alguma ,menos ainda de ser aquele eu luminoso.
E, assim voltava ao mundo já conhecido e tudo recomeçava.
Num certo momento, comecei a implorar por ajuda , que eu queria voltar, que me mostrassem o caminho. De repente , era inacreditável, voltei a vislumbrar o fogo. Ali se mostrava um caminho.
Fiquei extremamente impressionada, mas sentia que ali se mostrava uma saída para minha vida, uma orientação para superação de minhas dificuldades.
Comecei a observar as distrações no meu dia à dia e, o quanto me dispersava em cada momento.
Embora, continuasse a sentir medo, minha vontade de ser aquele eu luminoso, me impulsinou no desafio de vencer a mim mesmo, para viver livre e feliz.
Hoje este caminho é a minha própria vida, que se integra com tudo com todos e, é só agradecimento.
Ahá, Metaquiaze!!!!!1

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