terça-feira, 4 de abril de 2017

Consciência Interacional


2.3 Consciência Interacional
Quando parei para escrever sobre a minha história foi possível reconhecer a experiência acumulada e delimitar formas de proceder. Nas interações com outros conhecimentos que ia acessando através de leituras, contatos com outros pesquisadores com trabalhos de áreas correlatas, era possível questionar tudo que estava realizando, para através de uma dialetização da prática chegar a uma síntese do que era essencial.
Houve um tempo que considerava o trabalho terapêutico como uma decodificação de memórias nas mais diferentes áreas. Estava associada a um conhecimento vindo de um momento vivencial através de um sonho lúcido, no qual se apresentava um grupo de índios muito grandes com roupas azul índigo bordadas com desenhos dourados, digitando em teclados de computadores e se apresentando como o Tempo do Vento. Em contatos, através de visualização criativa acessamos em grupo, a ação desse povo.
A ajuda espiritual consistia numa limpeza de memórias na profundidade das memórias da Terra, acessadas através das pessoas em atendimento. Essas pessoas descreviam um imenso parque com árvores de folhas amareladas, e o vento as soprava de maneira espiralada. E levava tudo que ali estava tal como poeira levada pelo vento.
Foi um período de muita riqueza prática, tanto na forma individualizada quanto em grupos com reuniões semanais workshops, vivencias de curas e autocuras.
Entretanto a história foi exigindo um novo movimento que precisava de uma conexão para explicar o momento apresentado. Observo a presença de uma linha inalterável que permeia esses momentos, essa essência permanece.
Nessa pesquisa interativa através da meditação encontrei essa denominação para o trabalho, Consciência Interacional - uma ação cósmica de cura.
Percebo que essa ação é possível em qualquer situação da vida, em todos os campos de trabalho. É a presença constante no aqui e agora, com a lembrança de que tudo já passou. Na prática, pode ser individual, em grupos ou ambientes. Hoje descrevo meu trabalho da seguinte forma: está fundamentalmente centrado na observação das reações psicofísicas do meu corpo, cuja sensitividade possibilita uma precisão nas informações e alterações no campo da pessoa em atendimento, além da leitura do campo informacional inserido no seu campo de energia.
É possível presenciar conjuntamente as reações orgânicas em áreas do seu corpo e os diferentes aspectos energéticos, emocionais, cargas de memórias ligadas ao sistema de crenças geradores de padrões de comportamentos, os quais influenciam ou geram necessidades de serem influenciados pelo mundo externo.
Sinto porém, a necessidade de compreensão teórica sobre o que vou experimentando, para possibilitar uma expansão desta prática para outras pessoas, como também ampliar este potencial quântico para maior aprofundamento e consequentemente contribuição social.
Em leituras científicas sobre os recém-descobertos Neurônios Espelho pude perceber essa relação entre essas curiosas células e esse trabalho terapêutico que realizo. Os neurônios-espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano. Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da nossa memória. São ativadas áreas relacionadas a propriocepção, a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais. E não é observado apenas a imitação de uma ação específica mas também, a detecção de uma emoção e intenção nessa ação:
As emoções também podem ser espelhadas pois, quando vemos alguém chorar, por exemplo, nossas células refletem a expressão do sentimento que pode estar por trás das lágrimas e trazem de volta a lembrança de momentos que já vivenciamos. A essa capacidade dá-se o nome de empatia, uma das chaves para decifrar o comportamento e a socialização do ser humano. Essas células também refletem uma série de elementos da comunicação não verbal, como por exemplo, pequenas mudanças na face e no tom de voz nos ajudam a compreender o que o outro está pensando ou sentindo.
(LAMEIRA, 2006, 129)

Quando fiz contato com este material bibliográfico senti uma identificação profunda com tudo que tenho vivenciado até então, como se surgisse uma clareza com uma forma lógica de compreensão de explicar a realidade.
Nos meus arquivos da memória, encontrei fatos vivenciados empaticamente, popularmente conhecidos como efeito esponja, fundamentado na capacidade que temos de absorver as diferentes radiações presentes no campo de energia ligado a pessoas, ambientes ou a coletividade.
Lembrei da difícil tarefa de conviver socialmente, cujas sintomatologias físicas, psíquicas, emocionais e mentais alteravam meu corpo, causando sensações de mal estar das mais diferentes formas. Isto me fez procurar ajudas espirituais e terapêuticas, uma vez que já haviam sido esgotadas as possibilidades físicas e psicológicas. O contato com profissionais considerados alternativos e com grupos de autoajuda, foram abrindo em minha vida, novas perspectivas, outras maneiras de me relacionar comigo, com os outros, com a natureza, com compreensões de mundos até então, imperceptíveis e inimagináveis.
Percebi que à medida que me tornei mais consciente de mim mesma, paulatinamente foi ficando mais fácil de lidar com a minha sensibilidade, tornando-se mais concreta a superação das dificuldades.
No decorrer dos trabalhos com pessoas apresentando a mesma peculiaridade, acessei uma informação metafórica, associando nosso corpo a uma usina de reciclagem de lixo, com alta tecnologia, auto-operável, mas sem consciência disto. Ignorantes do processo, impedimos sua ação, surgindo então, a necessidade de operá–la manualmente, nos desgastando energeticamente.
Compreendi nesta pesquisa, que eu nasci com esta capacidade energética, chamada efeito esponja tratado muitas vezes pejorativamente, simplesmente por ter feito um acordo com a Energia Criadora em vir para a Terra expressar meu amor, desta forma. Esta compreensão me deu fortalecimento na minha prática diária de vida e neste serviço encontro um estado de felicidade genuína. E, dessa forma, encontrei a força de trabalho que se apresenta através de atendimentos individuais, em grupos ou em ambientes.
Nos atendimentos individuais: sentamo-nos frente a frente e estabelecemos uma conversa informal, partindo das informações trazidas pela pessoa em situação, estabelecendo-se uma relação. Assim, vai se formando um campo de energia, onde vou observando, tudo que vai acontecendo. Dessa forma, intuitivamente capto as perguntas que vão surgindo no meu pensamento e caminhando passo a passo nesta leitura interativa.
Quando percebo a questão em foco, apresento-lhe duas alternativas: ou fechamos os olhos e vamos mergulhando internamente para acessar informações do campo, acionando-as e interagindo conforme o que vai se mostrando, ou posso conduzi-la a uma maca, onde também de olhos fechados vou trabalhando numa segunda linha, observando as reações do meu corpo, as áreas de seu corpo que apresentam informações e seguindo as orientações internas sobre o trabalho.
Nesta interação, sinto-me numa unidade, cuja energia se altera num simples olhar, num toque, numa oração, na abertura da visão com imagens, com audição, com acesso as crenças pessoais, familiares, ou de outros campos de energia interferindo na sua vida diária.
Embasado nos conhecimentos Sufis, vejo que existem três linhas de trabalho, como um triângulo. Na sua base está a primeira e a segunda linha, eu e o outro, cuja necessidade está primeiro em mim, depois no outro e este me leva ao cume, ao estado de Deus, que derrama estado de graça para o eu poder dar continuidade ao fazer terreno.
Esta leitura interacional com conteúdos referenciais, embasados nas experiências terapêuticas e neste exercício constante de pesquisa ação, torna-se possível penetrar no Mistério e através dele desvendar focos de conflitos armazenados nos mundos do inconsciente ou do subconsciente, referentes a sua situação vivida ou ainda ligadas as suas relações, com trânsito livre entre passado, presente e futuro. Sinto como se fosse uma grande onda de energia, que sem referência de espaço – tempo é capaz de interagir independente de mim e da própria pessoa, que já se encontra num relaxamento profundo e quando desperta geralmente descreve que era como se não soubesse se estava dormindo ou se sentia num outro estado de consciência, ou num outro lugar.
A abertura deste Campo de Possibilidades traz o acesso à leitura do campo informacional, presente no campo de energia, contendo aí todas as referências as quais se apresentam através do ver o invisível, ouvir o inaudível, ou acessar simplesmente um saber, como beber de uma fonte que se apresenta naturalmente. A partir daí passo a interagir comigo, auto-observação, com o outro, observação de campo, e com a Energia Cósmica, um sistema inteligente que age nos mundos perceptíveis e imperceptíveis, com precisão e auto-operacionalidade numa perfeita inter-relação, e quando se altera em mim, se altera na pessoa.
 Segundo David Bohm, “em geral, a totalidade da ordem abrangente não pode se tornar manifesta para nós; somente um certo aspecto dela se manifesta. Quando trazemos esta ordem abrangente para o aspecto manifesto, temos uma experiência de percepção. Mas isto não quer dizer que a totalidade da ordem seja apenas aquilo que se manifesta.” segundo Bohm vivemos num mundo multidimensional e a nossa moradia está situada no nível mais óbvio e superficial: o mundo tridimensional dos objetos, espaço-tempo, na Ordem Explicita.” Ele indica como caminho, avançar para um nível mais profundo: para a Ordem Implícita, a Fonte e o Fundo de toda a nossa experiência física, mental e espiritual. Esta Fonte está situada numa dimensão de extrema sutileza, ou seja, a Ordem Superimplícita.”
Imagino, como expressa Bohm,” que nossa mente tem a propriedade de manter nossas ideias armazenadas, num reservatório silencioso, onde são organizadas com exatidão em forma de conceitos e categorias. Sem definirmos o processo como pensamento, talvez possamos ver a natureza pensar em muitos canais diferentes, onde podemos nos colocar numa condição privilegiada, cuja mente pode criar sua realidade quântica e ao mesmo tempo experimentá-la”.
Quando uma pessoa está convencida da sintomatologia vivenciada no seu cotidiano, fica presa a sua própria realidade, ao seu sistema de crenças, como num transe, onde estar doente, não ter prosperidade, ser infeliz, considerar-se culpada e diversas outras formas de sofrer é a entrada de dados que predomina.
Sou uma prova disso, antes de vivenciar esta paz transracional que hoje vivencio conforme já mencionei anteriormente vivia num constante caos. Ainda hoje, surgem situações onde este transe se apresenta, a diferença é conseguir sentir que meu estado natural sofreu alteração e assim encontrar caminhos para retornar ao estado de paz, gerador de bem-estar e equilíbrio.
Enquanto buscava fora de mim a responsabilidade para meus infortúnios, desperdiçava as oportunidades de acionar o meu próprio canal e encontrar minhas próprias respostas.

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