2.3 Consciência Interacional
Quando parei para
escrever sobre a minha história foi possível reconhecer a experiência acumulada
e delimitar formas de proceder. Nas interações com outros conhecimentos que ia
acessando através de leituras, contatos com outros pesquisadores com trabalhos
de áreas correlatas, era possível questionar tudo que estava realizando, para
através de uma dialetização da prática chegar a uma síntese do que era
essencial.
Houve um tempo que
considerava o trabalho terapêutico como uma decodificação de memórias nas mais
diferentes áreas. Estava associada a um conhecimento vindo de um momento
vivencial através de um sonho lúcido, no qual se apresentava um grupo de índios
muito grandes com roupas azul índigo bordadas com desenhos dourados, digitando
em teclados de computadores e se apresentando como o Tempo do Vento. Em
contatos, através de visualização criativa acessamos em grupo, a ação desse
povo.
A ajuda espiritual
consistia numa limpeza de memórias na profundidade das memórias da Terra,
acessadas através das pessoas em atendimento. Essas pessoas descreviam um
imenso parque com árvores de folhas amareladas, e o vento as soprava de maneira
espiralada. E levava tudo que ali estava tal como poeira levada pelo vento.
Foi um período de muita
riqueza prática, tanto na forma individualizada quanto em grupos com reuniões
semanais workshops, vivencias de curas e autocuras.
Entretanto a história
foi exigindo um novo movimento que precisava de uma conexão para explicar o
momento apresentado. Observo a presença de uma linha inalterável que permeia
esses momentos, essa essência permanece.
Nessa pesquisa
interativa através da meditação encontrei essa denominação para o trabalho,
Consciência Interacional - uma ação cósmica de cura.
Percebo que essa ação é
possível em qualquer situação da vida, em todos os campos de trabalho. É a
presença constante no aqui e agora, com a lembrança de que tudo já passou. Na
prática, pode ser individual, em grupos ou ambientes. Hoje descrevo meu
trabalho da seguinte forma: está fundamentalmente centrado na observação das
reações psicofísicas do meu corpo, cuja sensitividade possibilita uma precisão
nas informações e alterações no campo da pessoa em atendimento, além da leitura
do campo informacional inserido no seu campo de energia.
É possível presenciar
conjuntamente as reações orgânicas em áreas do seu corpo e os diferentes
aspectos energéticos, emocionais, cargas de memórias ligadas ao sistema de
crenças geradores de padrões de comportamentos, os quais influenciam ou geram
necessidades de serem influenciados pelo mundo externo.
Sinto porém, a
necessidade de compreensão teórica sobre o que vou experimentando, para
possibilitar uma expansão desta prática para outras pessoas, como também
ampliar este potencial quântico para maior aprofundamento e consequentemente
contribuição social.
Em leituras científicas
sobre os recém-descobertos Neurônios Espelho pude perceber essa relação entre
essas curiosas células e esse trabalho terapêutico que realizo. Os
neurônios-espelho desempenham uma função crucial para o comportamento humano.
Eles são ativados quando alguém observa uma ação de outra pessoa. O mais
impressionante é o fato desse espelhamento não depender obrigatoriamente da
nossa memória. São ativadas áreas relacionadas a propriocepção, a capacidade em
reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força
exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às
demais. E não é observado apenas a imitação de uma ação específica mas também,
a detecção de uma emoção e intenção nessa ação:
As
emoções também podem ser espelhadas pois, quando vemos alguém chorar, por
exemplo, nossas células refletem a expressão do sentimento que pode estar por
trás das lágrimas e trazem de volta a lembrança de momentos que já vivenciamos.
A essa capacidade dá-se o nome de empatia, uma das chaves para decifrar o
comportamento e a socialização do ser humano. Essas células também refletem uma
série de elementos da comunicação não verbal, como por exemplo, pequenas
mudanças na face e no tom de voz nos ajudam a compreender o que o outro está
pensando ou sentindo.
(LAMEIRA,
2006, 129)
Quando fiz contato com este material bibliográfico senti uma
identificação profunda com tudo que tenho vivenciado até então, como se
surgisse uma clareza com uma forma lógica de compreensão de explicar a
realidade.
Nos meus arquivos da
memória, encontrei fatos vivenciados empaticamente, popularmente conhecidos
como efeito esponja, fundamentado na capacidade que temos de absorver as
diferentes radiações presentes no campo de energia ligado a pessoas, ambientes
ou a coletividade.
Lembrei da difícil
tarefa de conviver socialmente, cujas sintomatologias físicas, psíquicas,
emocionais e mentais alteravam meu corpo, causando sensações de mal estar das
mais diferentes formas. Isto me fez procurar ajudas espirituais e terapêuticas,
uma vez que já haviam sido esgotadas as possibilidades físicas e psicológicas.
O contato com profissionais considerados alternativos e com grupos de
autoajuda, foram abrindo em minha vida, novas perspectivas, outras maneiras de
me relacionar comigo, com os outros, com a natureza, com compreensões de mundos
até então, imperceptíveis e inimagináveis.
Percebi que à medida
que me tornei mais consciente de mim mesma, paulatinamente foi ficando mais
fácil de lidar com a minha sensibilidade, tornando-se mais concreta a superação
das dificuldades.
No decorrer dos
trabalhos com pessoas apresentando a mesma peculiaridade, acessei uma
informação metafórica, associando nosso corpo a uma usina de reciclagem de
lixo, com alta tecnologia, auto-operável, mas sem consciência disto. Ignorantes
do processo, impedimos sua ação, surgindo então, a necessidade de operá–la
manualmente, nos desgastando energeticamente.
Compreendi nesta
pesquisa, que eu nasci com esta capacidade energética, chamada efeito esponja
tratado muitas vezes pejorativamente, simplesmente por ter feito um acordo com
a Energia Criadora em vir para a Terra expressar meu amor, desta forma. Esta
compreensão me deu fortalecimento na minha prática diária de vida e neste
serviço encontro um estado de felicidade genuína. E, dessa forma, encontrei a
força de trabalho que se apresenta através de atendimentos individuais, em
grupos ou em ambientes.
Nos atendimentos
individuais: sentamo-nos frente a frente e estabelecemos uma conversa informal,
partindo das informações trazidas pela pessoa em situação, estabelecendo-se uma
relação. Assim, vai se formando um campo de energia, onde vou observando, tudo
que vai acontecendo. Dessa forma, intuitivamente capto as perguntas que vão
surgindo no meu pensamento e caminhando passo a passo nesta leitura interativa.
Quando percebo a
questão em foco, apresento-lhe duas alternativas: ou fechamos os olhos e vamos
mergulhando internamente para acessar informações do campo, acionando-as e
interagindo conforme o que vai se mostrando, ou posso conduzi-la a uma maca,
onde também de olhos fechados vou trabalhando numa segunda linha, observando as
reações do meu corpo, as áreas de seu corpo que apresentam informações e seguindo
as orientações internas sobre o trabalho.
Nesta interação,
sinto-me numa unidade, cuja energia se altera num simples olhar, num toque,
numa oração, na abertura da visão com imagens, com audição, com acesso as
crenças pessoais, familiares, ou de outros campos de energia interferindo na
sua vida diária.
Embasado nos
conhecimentos Sufis, vejo que existem três linhas de trabalho, como um
triângulo. Na sua base está a primeira e a segunda linha, eu e o outro, cuja
necessidade está primeiro em mim, depois no outro e este me leva ao cume, ao
estado de Deus, que derrama estado de graça para o eu poder dar continuidade ao
fazer terreno.
Esta leitura
interacional com conteúdos referenciais, embasados nas experiências
terapêuticas e neste exercício constante de pesquisa ação, torna-se possível
penetrar no Mistério e através dele desvendar focos de conflitos armazenados
nos mundos do inconsciente ou do subconsciente, referentes a sua situação
vivida ou ainda ligadas as suas relações, com trânsito livre entre passado,
presente e futuro. Sinto como se fosse uma grande onda de energia, que sem
referência de espaço – tempo é capaz de interagir independente de mim e da
própria pessoa, que já se encontra num relaxamento profundo e quando desperta
geralmente descreve que era como se não soubesse se estava dormindo ou se
sentia num outro estado de consciência, ou num outro lugar.
A abertura deste Campo
de Possibilidades traz o acesso à leitura do campo informacional, presente no
campo de energia, contendo aí todas as referências as quais se apresentam
através do ver o invisível, ouvir o inaudível, ou acessar simplesmente um
saber, como beber de uma fonte que se apresenta naturalmente. A partir daí
passo a interagir comigo, auto-observação, com o outro, observação de campo, e
com a Energia Cósmica, um sistema inteligente que age nos mundos perceptíveis e
imperceptíveis, com precisão e auto-operacionalidade numa perfeita
inter-relação, e quando se altera em mim, se altera na pessoa.
Segundo David Bohm, “em geral, a totalidade da
ordem abrangente não pode se tornar manifesta para nós; somente um certo
aspecto dela se manifesta. Quando trazemos esta ordem abrangente para o aspecto
manifesto, temos uma experiência de percepção. Mas isto não quer dizer que a
totalidade da ordem seja apenas aquilo que se manifesta.” segundo Bohm vivemos
num mundo multidimensional e a nossa moradia está situada no nível mais óbvio e
superficial: o mundo tridimensional dos objetos, espaço-tempo, na Ordem
Explicita.” Ele indica como caminho, avançar para um nível mais profundo: para
a Ordem Implícita, a Fonte e o Fundo de toda a nossa experiência física, mental
e espiritual. Esta Fonte está situada numa dimensão de extrema sutileza, ou
seja, a Ordem Superimplícita.”
Imagino, como expressa
Bohm,” que nossa mente tem a propriedade de manter nossas ideias armazenadas,
num reservatório silencioso, onde são organizadas com exatidão em forma de
conceitos e categorias. Sem definirmos o processo como pensamento, talvez
possamos ver a natureza pensar em muitos canais diferentes, onde podemos nos
colocar numa condição privilegiada, cuja mente pode criar sua realidade
quântica e ao mesmo tempo experimentá-la”.
Quando uma pessoa está
convencida da sintomatologia vivenciada no seu cotidiano, fica presa a sua
própria realidade, ao seu sistema de crenças, como num transe, onde estar
doente, não ter prosperidade, ser infeliz, considerar-se culpada e diversas
outras formas de sofrer é a entrada de dados que predomina.
Sou uma prova disso,
antes de vivenciar esta paz transracional que hoje vivencio conforme já
mencionei anteriormente vivia num constante caos. Ainda hoje, surgem situações
onde este transe se apresenta, a diferença é conseguir sentir que meu estado
natural sofreu alteração e assim encontrar caminhos para retornar ao estado de
paz, gerador de bem-estar e equilíbrio.
Enquanto buscava fora
de mim a responsabilidade para meus infortúnios, desperdiçava as oportunidades
de acionar o meu próprio canal e encontrar minhas próprias respostas.
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